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O olhar criativo de

Marco António Costa

Marco António Costa nasceu em Vila Nova de Gaia em 1978.

Licenciado em Design de Comunicação e Doutor em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, desenvolve o seu trabalho no campo das artes visuais entre a docência, investigação, produção, curadoria e crítica.

Já expôs em mais de 120 eventos colectivos ligados às artes plásticas, ao design e ao multimédia desde 2000, entre os quais, 3 exposições individuais de pintura e desenho. Mantém, desde 2009, um blogue dedicado aos seus diários gráficos (www.sketchbooktherapy.wordpress.com)

Com a Sketch Tour Reload Portugal, Marco António explorou melhor a região que o viu nascer.

O que o surpreendeu nesta viagem?

Sendo uma pessoa do norte, o sentido geográfico desta viagem não foi uma novidade. penso que a maior surpresa foi esta possibilidade de partilha, a bem dizer, em tempo real, que não é norma na forma como viajo. Poder ter por companheiros, pessoas que nos fazem pensar, questionar e tornar-nos mais sensíveis na nossa percepção de viagem, dá-nos a noção de um envolvimento constante e crescente. Parar e partilhar os momentos desta viagem, pudendo com isso criar laços de intimidade entre pessoas, agudiza a experiência e torna-a mais única.

Conte-nos algo que tenha visto e que nunca tinha visto antes.

Sempre me faltou o ócio necessário para o que designo, “tempo de camarote”. Estar ali, para ver e ser visto. Ainda que consiga ver o castelo de Bragança todas as semanas em que estou na cidade e que o possa ver de quase qualquer lugar da mesma, foi quando abri a porta do meu quarto para a varanda na pousada de S. Bartolomeu, que encontrei esse camarote necessário por forma a ganhar a consciência desta falta de tempo para olhar verdadeiramente. Sentar-me na cadeira da varanda do hotel e olhar para o castelo permitiu-me, mais do que ver, possuir aquela imagem, pois estava ali, eu próprio, disponível para o castelo. Materializar verdadeiramente um ícone. Vi o que nunca tinha visto pois, pela primeira vez, o desenhei.

Se tivesse de contar a uma criança sobre a sua viagem, o que diria?

Transformaria a experiência numa aventura de descoberta de mistérios envolvendo artistas que procuravam textos e desenhos escondidos em locais e edifícios históricos, até mesmos místicos e espirituais. Contaria que não há viagem sem aventura nem descoberta e que para descobrir algo é necessário parar onde os outros apenas passaram.

Qual foi o maior desafio e a maior recompensa desta experiência?

Quando somos convidados a criar a partir de certas referências, o desafio maior consiste nessa capacidade criativa de conceber algo a partir de uma série de experiências que se vão emaranhando desde o primeiro momento. Tornar a experiência em obra é um desafio sempre maior. O desenho como forma de pensamento, é o meio eficaz para clarificar ideias e desfazer esses nós de intangibilidade. A “abs-cenidade” do desenho - o que está fora de cena, o que não é visto - comporta o processo e portanto o acto de desenhar é o desafio. A “obs-cenidade” do desenho – o que está em cena e é observado - é o desenho propriamente dito e este, é a recompensa.