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O olhar criativo de

Jacinto Lucas Pires

Jacinto Lucas Pires conta com uma longa e produtiva carreira enquanto escritor.

Lucas Pires escreve romances, contos, peças de teatro, filmes, música. O seu último romance é Oração a que faltam joelhos (Porto Editora, 2020). E, durante o confinamento, lançou um livro de contos: Doutor Doente (Húmus, 2021).

O som do rio, água a correr, a cair, tem uma suavidade que cobre todas as coisas. E, na margem, há um espantalho de chapéu azul a vigiar: um representante de tudo o que não está a mostra, tudo o que não se diz. Aqui tudo parece segredo.

Este texto começa a voar. Palavras que sobem, rodam, vão, atravessando o azul mais antigo dos céus de outubro, sobrevoando estradas e casas, campos e fábricas, vilas e aldeias, passando rente às leiras do Douro, desentendendo maravilhosamente toda aquela beleza íngreme, pensando que ali desenho e história são sinónimos, até que, zás, um vento convida-as a subir, e lá vão elas, planando refrescas pelo ar limpo, respirando distraídas, até começarem a misturar-se de cores contra o sol, e se tornarem só luz, silêncio, pergunta, pressentimento — para reaparecerem depois à frente, zup, num lugar diferentíssimo e alto chamado castelo de Bragança.

As palavras seguem sem relógio pelas ruas, testemunhando como a pedra se vai tornando aldeia, olhando a graça com que as florezinhas amarelas se distraem pelas bermas, seguindo o cheiro a fumo até à última casa, ou à primeira.

O que o surpreendeu nesta viagem?

Nunca tinha estado em Rio de Onor. E agora é como se conhecesse esse lugar desde sempre.

Se tivesse de contar a uma criança sobre a sua viagem, o que diria?

Foi uma viagem louca pelo cocuruto do país. Uns escreviam desenhos, outros desenhavam palavras.

Qual foi o seu momento preferido desta viagem?

É difícil escolher um momento preferido. Mas talvez o ataque de riso coletivo no jantar de Ponte de Lima.

Se tivesse de recomendar a Região do Centro de Portugal a amigos, o que diria?

Se tivesse de recomendar o Norte de Portugal a amigos, diria para irem com muito tempo que o Norte de Portugal não acaba…