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O olhar criativo de

Marcela Costa

Marcela Costa é uma filha da terra. Nascida e residente no Funchal, agarrou o nosso convite para escrever sobre a sua ilha.

Marcela Costa nasceu no Funchal em 1965. Licenciada em artes plásticas e pintura, com mestrado em Museologia, distribuiu o seu tempo generosamente entre o desenho, a escrita, o teatro e o ensino.

Conta com 25 anos de carreira teatral, tendo já desempenhado as funções de dramatuga, escritora e cenógrafa.

A montanha abraça-me por detrás. Abraço forte, implacável. Adiante, o céu cortado em dois. Uma prisão? Não, a libertação dos meus sonhos.

Gostavas de saber por onde começou a Ilha?

Pelo fogo, movimentação incandescente no fundo oceânico até à urgência de se dar ao mundo.

Um parto. A lava eclodiu pela chaminé em forma de cálice e em contacto com a água foi sendo transformada em gelo salgado cor de sangue. Mais tarde, ergueu-se aquela igreja sobre as camadas piroclásticas envoltas em verde, como se a montanha nua tivesse de se vestir para honrar a fé do Homem.

Lá em baixo, junto à ribeira que desce em cascata, escuto as vozes dos antepassados em direção à grande planície, o mar. Na fronteira entre a água doce e a salgada, outra capela habita a rocha, sua cruz cimeira e atenta ao velejar dos séculos.

É preciso viver muitas vidas para se entender a quantidade de sons que faz a água.

Se tivesse de contar a uma criança sobre a sua viagem, o que diria?

Estive numa ilha onde as praias são de areia preta, chove e faz sol no mesmo lugar no intervalo de 2 minutos, a comida inclui flores e as paisagens quase nos fazem chorar pela sua beleza.

O maior desafio e a maior recompensa desta experiência?

Fui desafiada para entrar em sintonia com os artistas gráficos, ao ver o que eles viam e descrever as primeiras sensações, sem filtros; a melhor recompensa foi seguir de perto a atividade dos Urban Sketchers Charline Moreau e Luís Araújo e conhecer a ilha através dos seus olhares.

Se tivesse de recomendar a Madeira a amigos, o que diria?

Na mesma ilha, podem experimentar tudo o que existe disperso por Portugal Continental inteiro.